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O uso de protetor solar impede a síntese de Vitamina D. E aí, é verdade?

O uso de protetor solar tornou-se uma prática muito utilizada nos dias atuais, primeiro, pelos pacientes que sofreram algum tipo de câncer da pele no sentido de evitar nova lesão; segundo e de forma mais generalizada, como prevenção ao risco de câncer da pele e também no sentido de evitar o foto envelhecimento (MAIA, et. al., 2007). Contudo, alguns estudos têm sugerido que a prática da fotoproteção poderia colocar a população em risco de desenvolver deficiência de vitamina D, e, com isso, futuras alterações na mineralização óssea (BRAGA, 2014).

A vitamina D tem sua síntese estimulada pela exposição da pele à radiação ultravioleta (UVB), o que a torna dependente de um fator externo. Suas fontes naturais nos alimentos são limitadas, e, com isso, a suplementação talvez seja necessária para evitar a deficiência de vitamina D em indivíduos de risco(idosos, grávidas e mulheres pós-menopausa que possuem maior risco de fraturas) (MAIA, et. al., 2007).

O rastreio de déficit de vitamina D faz-se através do doseamento do metabólito circulante 25(OH)D. O déficit de vitamina D é definido por um valor de 25(OH)D inferior a 20 ng/mL (50 nmol/l) que foi atualizado recentemente no Brasil devido a diversos fatores que influenciam na sua determinação. Anteriormente a falta de vitamina D no organismo era considerada quando detectavam níveis abaixo de 30 ng/mL nos exames de 25(OH)D (ALVES, et. al., 2013).

Estudos descobriram que, ao bloquear os raios ultravioleta, o filtro solar limita a vitamina D que produzimos, com uma redução de até dez vezes (MAIA, et. al., 2007). E ainda, outros estudos mais recentes, observaram que a prática da proteção solar esteve associada a concentrações mais baixas de 25(OH)D, com significância estatística, mas não o suficiente para causar a deficiência dessa vitamina (ALVES, et. al., 2013).

No entanto, é possível que o uso do filtro solar interfira na síntese de vitamina D? Não se sabe. Os resultados obtidos nesses estudos não podem ser generalizados, pois foi avaliada a interferência da foto proteção na síntese de vitamina D através da comparação de foto protegidos (não exposição das 9h às 15h, uso de roupas e protetor solar quando expostos) e indivíduos expostos ao sol. Testes apenas com a formulação do filtro solar não foram realizados. Isto demonstra a complexidade da execução desses estudos que possuem problemas experimentais devido a interferência de vários fatores na síntese de vitamina D, como: pigmentação da pele, latitude, estação do ano, vestuário e idade. E também, a maioria das pessoas geralmente não aplica filtro solar suficiente para obter seu efeito completo, o que por sua vez permite a passagem de um pouco de luz solar (NORVAL, et. al., 2009).

Assim, indivíduos saudáveis devem ter mais preocupação em proteger a pele do sol do que temer um prejuízo ósseo. E para pessoas preocupadas com a vitamina D, ao invés de cortar o uso de filtro solar, pode-se consumir alimentos ricos nessa vitamina como salmão, leite e suco de laranja (BANDEIRA, et. al., 2006).Uma recomendação é se expor cerca de 30 minutos à luz do dia (sem protetor), duas vezes por semana, para produzir quantidades adequadas de vitamina D (BANDEIRA, et. al., 2006).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

ALVES, M. Vitamina D–importância da avaliação laboratorial. Rev Port Endocrinol Diabetes Metab. 2013;8(1):32–39

BANDEIRA, F, DREYER, P, BANDEIRA, C. Vitamina D Deficiency: A Global Perscpective. Arq. Bras. Endocrinol e Metabol. 2006;50(4):640–6.

BRAGA, L. S. Uso de protetor solar e deficiência de vitamina D na infância e adolescência: uma revisão sistemática. Salvador, Bahia: 2014.

MAIA, M, MAEDA S, MARÇON C. Correlação entre fotoproteção e concentrações de 25 hidroxi-vitamina D e paratormônio. An Bras Dermatol. 2007;82(3): 233-7.

NORVAL, M, WULF, H, C. Does Chronic Sunscreen Use Reduce Vitamin D Production to Insufficient Levels? The BritishJournal of Dermatology. 2009; 161(4):732-736.

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